A proximidade do verão contagia muitos paulistanos. Pena que o clima mais alegre do ano vem acompanhado pela preocupação com o problema crônico de enchentes. O problema é causado pela incapacidade de o solo reter as águas de chuvas devido à excessiva impermeabilização.

Atualmente, 80% da chuva sobre a capital paulista não é absorvida pelo solo no local de incidência. O excesso de asfalto e cimento canaliza toda a água para um sistema de drenagem que não dá conta do recado. Há córregos canalizados e/ou assoreados por sedimentos e o lixo e entulho descartados irregularmente agravam a situação.

As bocas de lobo, também conhecidas como bueiros, são apenas a ponta desse “iceberg”. O sistema de drenagem inclui também poços de visita – tampas metálicas redondas que guardam as tubulações para receber a chuva – e os ramais que acabam nos rios ou estações de tratamento.

Todo o sistema perde eficiência com o lixo descartado irregularmente nas ruas pela população. Apenas na região de São Paulo atendida pela Ecoss Ambiental são limpas 9.500 bocas de lobo, em média, todos os meses. Na limpeza, são encontrados resíduos como embalagens e garrafas pet, além de vegetação, terra, lama e areia.

Plano de trabalho

Para fazer frente a esse desafio, a Prefeitura de São Paulo e a Ecoss Ambiental elaboraram em conjunto o Plano de Verão 2019/2020, que lista as ações preventivas e emergenciais para o período.

O estudo apontou locais com entupimento de ramais e tampas de bueiros lacradas, quebradas ou com necessidade de troca para que o serviço seja executado pelas empresas envolvidas.

Na área de 242,3 quilômetros quadrados de atuação da Ecoss Ambiental foram mapeados 61 pontos de alta criticidade, que terão bueiros e bocas de lobo limpos semanalmente pela empresa, e 244 locais de criticidade moderada, que terão as bocas de lobo limpas quinzenalmente.

A frequência dos serviços preventivos foi determinada a partir do volume de resíduos coletados nas bocas de lobo e capacidade volumétrica da caixa, assim como a topografia da área em análise.

O plano de trabalho foi elaborado em conjunto com a Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb), autarquia coordenadora dos serviços. No escopo, as ações foram divididas em preventivas e corretivas. No primeiro grupo, estão relacionadas a coleta excepcional dos resíduos sólidos domiciliares, antecipação do recolhimento dos resíduos de varrição, de pontos críticos e viciados; e ainda intensificação da limpeza de bueiros e bocas de lobo.

Nas ações de contingência estão inclusos plantão de emergência, limpeza geral das áreas das enchentes, raspagem de vias, coleta de materiais diversos, lavagem das vias e logradouros públicos e também desobstrução de bueiros e bocas de lobo. Todos estes serviços são realizados de forma periódica e, em casos de enchente, receberão reforço.

Revendo as próprias ações

Nos bueiros deveriam ser encontrados apenas materiais como folhas, raízes e terra, mas não é isso o que acontece. Garrafas, sacos de lixo, marmitex são apenas alguns exemplos do que é retirado. Se a população destinasse corretamente o lixo, o trabalho de limpeza em poços de visita seria bem menor.

Colocar o saco de lixo nas ruas fora do horário da coleta piora a situação, já que animais podem espalhar o lixo, que vai parar nas bocas de lobo.